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Meu nome é Zé Luiz e, como dá para deduzir, este é meu blog. Não é nada demais, apenas um espaço para colocar uns textos que eu acho engraçados. Mas como eu sou o sujeito mais suspeito para dizer isso, espero que você entre toda semana e confira se estou certo ou alucinado. Toda segunda-feira vai ter um texto novo, zoando o maior fenômeno da literatura dos últimos tempos: a auto-ajuda. Seja bem-vindo e, tomara, divirta-se. PS. Se quiser ser avisado quando houver atualizações, mande um email para Zé Luiz
Wednesday, February 25, 2004
Fala, galera.
Desculpem-me por não ter postado mais. É que acabaram os assuntos para continuar escrevendo a Auto-Ajuda Cínica. Foram cerca de 30 textos e prefiro terminar o blog agora, enquanto o pessoal tá curtindo, a encher o saco da galera sendo prolixo e redundante.
Nos últimos 7 meses coloquei um texto por semana no blog e fiquei realmente muito feliz com o montão de gente que acessou minhas bobagens.
Vou parar com este blog, por enquanto. Algumas revistas se mostraram insteressadas em publicar alguns dos textos. Se rolar isso ou qualquer outra novidade, vou avisar aqui.
Agradeço a todo mundo que acessou. Espero que tenham se divertido por aqui. Eu me diverti bastante. Um grande abraço a todos.
Desculpem-me por não ter postado mais. É que acabaram os assuntos para continuar escrevendo a Auto-Ajuda Cínica. Foram cerca de 30 textos e prefiro terminar o blog agora, enquanto o pessoal tá curtindo, a encher o saco da galera sendo prolixo e redundante.
Nos últimos 7 meses coloquei um texto por semana no blog e fiquei realmente muito feliz com o montão de gente que acessou minhas bobagens.
Vou parar com este blog, por enquanto. Algumas revistas se mostraram insteressadas em publicar alguns dos textos. Se rolar isso ou qualquer outra novidade, vou avisar aqui.
Agradeço a todo mundo que acessou. Espero que tenham se divertido por aqui. Eu me diverti bastante. Um grande abraço a todos.
Monday, February 02, 2004
COMO ECONOMIZAR
Por guardar dinheiro é tão difícil? Por que, por mais que você ganhe, passa a vida toda devendo ou, pelo menos, sem dinheiro no bolso? E por que raios o cheque especial tem esse nome, se quanto mais você usa, menos especial o banco te considera?
Dizem que o auto-conhecimento é fundamental na vida. Não sei se isso é verdade, mas pelo menos para economizar, é. Então descubra se você é milionário, podre de rico, rico, remediado, pobre, pé-rapado, maltrapilho ou um completo miserável. Se você ganha duas moedas por dia, não é por isso que vai afogar as mágoas num scotch. Vá de pinga.
Se você quer economizar, aprenda a controlar seus impulsos consumistas. Eles costumam atacar principalmente mulheres, que saem enlouquecidas pelos shopping centers gastando tudo no cartão. Pense bem, mulher: você não sai dando para todo bonitão que aparece. Não tem também que comprar todo sapato, blusinha, bolsa, jaqueta e toalhinha de mesa de centro que vê pela frente.
Outra coisa comum entre mulheres é comprar para afastar a depressão. Uma briga com o namorado ou uma bronca do chefe acabam com mais limites de cartão do que você imagina. A solução é simples: cuide da depressão. Não indo a psicólogos e fazendo terapia. Você gasta a mesma fortuna que gastaria num shopping e ainda chega em casa de mãos abanando. Tente, sim, compensar suas frustrações com outras coisas menos caras. Sexo, por exemplo, é de graça. Então, dê muito.
Agora, se você não se controla de maneira nenhuma e sai gastando feito uma desvairada, estipule uma quantia e guarde-a toda vez que o salário entra. Aí esqueça desse dinheiro. Faça de conta que gastou com aquele sapato, blusinha, bolsa, jaqueta ou toalhinha de mesa de centro. Você já comprou tantas, que nem vai perceber mesmo.
De uma vez por todas, esqueça o status. Há décadas existem o Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal e Páscoa. Já não havia mais datas para a indústria tirar dinheiro da gente. Então inventaram essa coisa de status. Compre esta jaqueta e fique muito mais atraente. Não adiantou? Deve ser porque esta linda jaqueta não combina com esse carro velho que você anda. Temos um importado, que é uma beleza. Faça um test-drive e ganhe um desconto de 5% na compra de um jet ski moderno e esportivo.
Mas para você, status é importante? Você é do tipo que deixa de comer bem e se divertir para comprar roupa de grife ou carro do ano? Não é por causa disso que os outros vão ver em você um exemplo de bom gosto e sofisticação. Na boa, o máximo que você vai conseguir é passar a imagem de otário e virar o chacotinha da turma.
Economizar em bobagens não vai levar a lugar nenhum. Corte gastos nas coisas importantes. Por exemplo, deixar as luzes apagadas quando você acorda de madrugada para assaltar a geladeira vai lhe render apenas uns míseros centavos. Isso se você não der uma topada no rack da TV e gastar muito mais com mercúrio e band-aid.
Pare também de dar gorjetas para o garçom. Ele já tem os 10%. Não dê dinheiro em faróis e desencane de contribuir com causas justas. Quem você pensa que é? Fale a verdade: você acha que um pé-rapado que não consegue fazer um pé-de-meia decente como você pode resolver os problemas do mundo?
Finalmente, elimine os eufemismos do seu vocabulário. As pessoas adoram chamar gastos de investimentos. Parece que alivia a culpa. Elas não viajam para o exterior, investem em cultura. Não compram roupas caríssimas, investem no self-marketing. Não reformam a casa, investem em conforto. Seja realista. Você gastou mais do que devia, encare isso com dignidade. Melhor parar com esse papo, antes que você gaste todo o seu dinheiro em bebida e ache que está investindo no mercado de cana-de-açúcar.
Por guardar dinheiro é tão difícil? Por que, por mais que você ganhe, passa a vida toda devendo ou, pelo menos, sem dinheiro no bolso? E por que raios o cheque especial tem esse nome, se quanto mais você usa, menos especial o banco te considera?
Dizem que o auto-conhecimento é fundamental na vida. Não sei se isso é verdade, mas pelo menos para economizar, é. Então descubra se você é milionário, podre de rico, rico, remediado, pobre, pé-rapado, maltrapilho ou um completo miserável. Se você ganha duas moedas por dia, não é por isso que vai afogar as mágoas num scotch. Vá de pinga.
Se você quer economizar, aprenda a controlar seus impulsos consumistas. Eles costumam atacar principalmente mulheres, que saem enlouquecidas pelos shopping centers gastando tudo no cartão. Pense bem, mulher: você não sai dando para todo bonitão que aparece. Não tem também que comprar todo sapato, blusinha, bolsa, jaqueta e toalhinha de mesa de centro que vê pela frente.
Outra coisa comum entre mulheres é comprar para afastar a depressão. Uma briga com o namorado ou uma bronca do chefe acabam com mais limites de cartão do que você imagina. A solução é simples: cuide da depressão. Não indo a psicólogos e fazendo terapia. Você gasta a mesma fortuna que gastaria num shopping e ainda chega em casa de mãos abanando. Tente, sim, compensar suas frustrações com outras coisas menos caras. Sexo, por exemplo, é de graça. Então, dê muito.
Agora, se você não se controla de maneira nenhuma e sai gastando feito uma desvairada, estipule uma quantia e guarde-a toda vez que o salário entra. Aí esqueça desse dinheiro. Faça de conta que gastou com aquele sapato, blusinha, bolsa, jaqueta ou toalhinha de mesa de centro. Você já comprou tantas, que nem vai perceber mesmo.
De uma vez por todas, esqueça o status. Há décadas existem o Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal e Páscoa. Já não havia mais datas para a indústria tirar dinheiro da gente. Então inventaram essa coisa de status. Compre esta jaqueta e fique muito mais atraente. Não adiantou? Deve ser porque esta linda jaqueta não combina com esse carro velho que você anda. Temos um importado, que é uma beleza. Faça um test-drive e ganhe um desconto de 5% na compra de um jet ski moderno e esportivo.
Mas para você, status é importante? Você é do tipo que deixa de comer bem e se divertir para comprar roupa de grife ou carro do ano? Não é por causa disso que os outros vão ver em você um exemplo de bom gosto e sofisticação. Na boa, o máximo que você vai conseguir é passar a imagem de otário e virar o chacotinha da turma.
Economizar em bobagens não vai levar a lugar nenhum. Corte gastos nas coisas importantes. Por exemplo, deixar as luzes apagadas quando você acorda de madrugada para assaltar a geladeira vai lhe render apenas uns míseros centavos. Isso se você não der uma topada no rack da TV e gastar muito mais com mercúrio e band-aid.
Pare também de dar gorjetas para o garçom. Ele já tem os 10%. Não dê dinheiro em faróis e desencane de contribuir com causas justas. Quem você pensa que é? Fale a verdade: você acha que um pé-rapado que não consegue fazer um pé-de-meia decente como você pode resolver os problemas do mundo?
Finalmente, elimine os eufemismos do seu vocabulário. As pessoas adoram chamar gastos de investimentos. Parece que alivia a culpa. Elas não viajam para o exterior, investem em cultura. Não compram roupas caríssimas, investem no self-marketing. Não reformam a casa, investem em conforto. Seja realista. Você gastou mais do que devia, encare isso com dignidade. Melhor parar com esse papo, antes que você gaste todo o seu dinheiro em bebida e ache que está investindo no mercado de cana-de-açúcar.
Monday, January 26, 2004
COMO SER BEM-SUCEDIDO COM ARTE
A imagem que todo mundo faz de um artista, seja ele músico, pintor, desenhista ou escritor, é a de um cara rebelde e sem muito apego aos bens materiais. Isso é pura papagaiada. Deve ser mais um golpe dos marketeiros para fazer com que os artistas achem fashion ser pobre e deixar todos os lucros para eles.
Por outro lado, há aqueles que ganham muito dinheiro, mas não podem ser chamados exatamente de artistas. Tem muito pagodeiro por aí que nem sabe quanto dinheiro já ganhou. Já venderam mais de 300 mil discos e só sabem contar até 8.
Mas existe um meio termo: dá para não ser um vendido, mas também não ter que ficar vendendo poeminha em fila na porta de museu. Na boa, você já está de saco muito cheio de ter que ficar lá esperando na fila, às vezes embaixo de chuva, e ainda vem um sujeito que se acha mais inteligente que você e fica pedindo para que você compre um punhado de papel amassado e sujo. E só porque tem meia dúzia de rimas fedorentas nele.
Em primeiro lugar, se você quer ganhar algum dinheiro com arte, não pode fazer uma obra hermética. Do tipo que só o artista entende. Se você fala coisas que só fazem sentido para você mesmo, náo precisa de público. Precisa de um psicólogo. Deve ser esquizofrenia. Das brabas.
Do lado oposto, existem as pesquisas com o público. Não se deixe orientar por elas. Uma das principais qualidades de um artista é a sensibilidade. E se você tiver um pouquinho disso, pode perceber o que vai agradar o público. Você acha mesmo que um sujeito que passa a vida atrás de um espelho com um bloco de anotações sabe alguma coisa do que as pessoas querem? E aquelas pessoas que respondem às pesquisas, então? Eles têm que ser muito tapados para nem imaginarem que tem um monte de gente atrás do espelho fazendo-os de otários. O resultado acaba sendo um grupo de gente sem inteligência, analisando pessoas com menos inteligência ainda. Se você for fazer obras para galinhas e amebas, pode confiar na pesquisa. Caso contrário, esqueça-a.
Seja um personagem. Para os atores fica mais fácil, mas qualquer um pode fazer. Encarne um personagem e leve-o em frente. Até o final. Você pode ser o tipo artista descolado: deixar o cabelo despenteado, pintar as unhas de escuro, usar só roupas fashion e, eventualmente, ter relações homossexuais (Madonna e Michael Jackson usam muito desse recurso). Pode ser o artista tradicional: cabelão, barbão e roupas largas e, se possível, sujas. Também pode fazer o tipo artista intelectual: ande por aí observando coisas com a mão no queixo e fazendo cara de pensativo. Este último é especialmente recomendado aos que possuem problemas como prognatismo, ou mais popularmente, queixo de gaveta. Disfarça, que é uma beleza.
Seja excêntrico. Comece a cultivar manias estranhas. Vai ajudar com que as pessoas lembrem muito de você. Troque seu cachorro por um lagarto. Coloque piercings em locais inesperados (não, no pênis não. Prefira lugares mais visíveis e menos doloridos). Colecione objetos bizarros como roupas íntima de famosos. De todas as manias bizarras, só não é recomendável a ingestão de fezes. Nada contra o gosto. É que você vai precisar conversar com patrocinadores e promotores. E mau hálito pode contar pontos contra.
Independentemente da emoção, mantenha sempre uma expressão blazé no rosto. Exercite em frente ao espelho: primeiro deixe a boca mole, como se estivesse chupando um pano de chão sujo. Isso. Visualize o pano dentro de sua boca. Pronto. Agora fica fácil fazer o olhar de nojo, típica de toda cara blazé.
Finalmente, transforme cada ato seu num espetáculo. Principalmente os mais banais. Deixe-se fotografar tomando sorvete, indo ao cinema ou estacionando o carro. Mas, de vez em quando, dê porrada em algum fotógrafo, para ninguém achar que você é aparecido e oportunista.
A imagem que todo mundo faz de um artista, seja ele músico, pintor, desenhista ou escritor, é a de um cara rebelde e sem muito apego aos bens materiais. Isso é pura papagaiada. Deve ser mais um golpe dos marketeiros para fazer com que os artistas achem fashion ser pobre e deixar todos os lucros para eles.
Por outro lado, há aqueles que ganham muito dinheiro, mas não podem ser chamados exatamente de artistas. Tem muito pagodeiro por aí que nem sabe quanto dinheiro já ganhou. Já venderam mais de 300 mil discos e só sabem contar até 8.
Mas existe um meio termo: dá para não ser um vendido, mas também não ter que ficar vendendo poeminha em fila na porta de museu. Na boa, você já está de saco muito cheio de ter que ficar lá esperando na fila, às vezes embaixo de chuva, e ainda vem um sujeito que se acha mais inteligente que você e fica pedindo para que você compre um punhado de papel amassado e sujo. E só porque tem meia dúzia de rimas fedorentas nele.
Em primeiro lugar, se você quer ganhar algum dinheiro com arte, não pode fazer uma obra hermética. Do tipo que só o artista entende. Se você fala coisas que só fazem sentido para você mesmo, náo precisa de público. Precisa de um psicólogo. Deve ser esquizofrenia. Das brabas.
Do lado oposto, existem as pesquisas com o público. Não se deixe orientar por elas. Uma das principais qualidades de um artista é a sensibilidade. E se você tiver um pouquinho disso, pode perceber o que vai agradar o público. Você acha mesmo que um sujeito que passa a vida atrás de um espelho com um bloco de anotações sabe alguma coisa do que as pessoas querem? E aquelas pessoas que respondem às pesquisas, então? Eles têm que ser muito tapados para nem imaginarem que tem um monte de gente atrás do espelho fazendo-os de otários. O resultado acaba sendo um grupo de gente sem inteligência, analisando pessoas com menos inteligência ainda. Se você for fazer obras para galinhas e amebas, pode confiar na pesquisa. Caso contrário, esqueça-a.
Seja um personagem. Para os atores fica mais fácil, mas qualquer um pode fazer. Encarne um personagem e leve-o em frente. Até o final. Você pode ser o tipo artista descolado: deixar o cabelo despenteado, pintar as unhas de escuro, usar só roupas fashion e, eventualmente, ter relações homossexuais (Madonna e Michael Jackson usam muito desse recurso). Pode ser o artista tradicional: cabelão, barbão e roupas largas e, se possível, sujas. Também pode fazer o tipo artista intelectual: ande por aí observando coisas com a mão no queixo e fazendo cara de pensativo. Este último é especialmente recomendado aos que possuem problemas como prognatismo, ou mais popularmente, queixo de gaveta. Disfarça, que é uma beleza.
Seja excêntrico. Comece a cultivar manias estranhas. Vai ajudar com que as pessoas lembrem muito de você. Troque seu cachorro por um lagarto. Coloque piercings em locais inesperados (não, no pênis não. Prefira lugares mais visíveis e menos doloridos). Colecione objetos bizarros como roupas íntima de famosos. De todas as manias bizarras, só não é recomendável a ingestão de fezes. Nada contra o gosto. É que você vai precisar conversar com patrocinadores e promotores. E mau hálito pode contar pontos contra.
Independentemente da emoção, mantenha sempre uma expressão blazé no rosto. Exercite em frente ao espelho: primeiro deixe a boca mole, como se estivesse chupando um pano de chão sujo. Isso. Visualize o pano dentro de sua boca. Pronto. Agora fica fácil fazer o olhar de nojo, típica de toda cara blazé.
Finalmente, transforme cada ato seu num espetáculo. Principalmente os mais banais. Deixe-se fotografar tomando sorvete, indo ao cinema ou estacionando o carro. Mas, de vez em quando, dê porrada em algum fotógrafo, para ninguém achar que você é aparecido e oportunista.
Monday, January 19, 2004
COMO DESENVOLVER SUA CRIATIVIDADE
O famoso e falecido apresentador Chacrinha costumava dizer que nada se cria, tudo se copia. Nunca vi frase mais preguiçosa que essa na minha vida. Não passa de uma desculpa muito da esfarrapada para validar a própria incompetência. Pior que isso só a legião de mais preguiçosos ainda que, em vez de falar alguma coisa interesante, repete esse clichê batido até hoje.
E esse é exatamente o primeiro ponto a se trabalhar para desenvolver a criatividade: pare de copiar o que os outros fazem. O que você pretende agindo assim: se transformar numa máquina de xerox?
Antes que você diga que ninguém avisou, nem sempre a criatividade é um caminho para o sucesso. Muitas vezes, os mais bem-sucedidos são aqueles que repetem exaustivamente formulinhas prontas. Vide os cantores de pagode e funk carioca. Mas ser criativo tem pelo menos uma vantagem: você nunca vai pagar o mico de aparecer em rede nacional de televisão dançando ao lado de um travesti e mandando a bicha rebolar.
Para ser criativo, você precisa antes de tudo saber o que é criatividade. Criatividade é, por definição, o ato de criar coisas novas. Não confundir com inventar moda. O mundo já está cheio de gente inventando um monte de baboseiras que não servem para nada. Temos centenas de artistas que fazem obras apenas para si próprios. Multidões de economistas com novas teorias que nunca terão aplicação prática. E vários inventores com invenções que ninguém precisa. Ou seja, por que projetar, por exemplo, um papel higiênico que toca musiquinha, se ninguém tem ouvidos no cu?
Outra coisa a saber é que criatividade é fruto de trabalho árduo. Esqueça aquela conversa de ócio criativo. É tudo bobagem. Se falta de trabalho gerasse criatividade, os servidores públicos já teriam inventado uma porção de coisas úteis para o mundo. Para mim, essa teoria de ócio criativo só apareceu porque o sujeito que a inventou ficou com preguiça de pesquisar como funciona a mente humana.
Ou seja, você nunca vai ter uma grande idéia da noite para o dia, a não ser que passe essa noite em claro procurando por ela. Encare a realidade: mais de 90% da população mundial é folgada. Você não vai ser nada original, sendo mais um preguiçoso.
Uma boa técnica para estimular a criatividade é fazer as coisas de maneiras diferentes a cada dia. Por exemplo, mude o caminho para o seu trabalho de vez em quando. Mude os restaurantes onde você almoça e evite repetir os mesmos pratos. E mantenha relações sexuais fora do casamento. Se seu parceiro pegar você no flagra, diga que está no meio de uma pesquisa de campo para aprimorar seu intelecto.
Para ser criativo, você precisa de cultura. Procure saber muito sobre muitas coisas. Não apenas sobre o que você trabalha. Isso aí, todo mundo que trabalha com você já faz, o máximo que você vai conseguir é ser igual a eles. Vá ao cinema, leia livros, toque um instrumento e aprenda filosofia. Se você não conseguir ter nenhuma idéia original, pelo menos dá para impressionar e comer alguém.
Infelizmente, algo que é bastante comum na criatividade é o bloqueio criativo. É aquele momento em que, por mais que você tente encontrar uma solução original para seu problema, a idéia não vem. Muita gente diz que a melhor coisa a fazer nessas horas é desencanar. Levantar e dar uma volta, tomar um sorvete. Ledo engano. Você vai se condicionar errado. Se toda vez que você não consegue resolver alguma coisa ganhar um sorvete, vai se acomodar e nunca mais vai fazer nada que preste. Sim, você é condicionável. Ou você achava que seu cachorro era o único ser vivo com baixo intelecto na sua casa?
O famoso e falecido apresentador Chacrinha costumava dizer que nada se cria, tudo se copia. Nunca vi frase mais preguiçosa que essa na minha vida. Não passa de uma desculpa muito da esfarrapada para validar a própria incompetência. Pior que isso só a legião de mais preguiçosos ainda que, em vez de falar alguma coisa interesante, repete esse clichê batido até hoje.
E esse é exatamente o primeiro ponto a se trabalhar para desenvolver a criatividade: pare de copiar o que os outros fazem. O que você pretende agindo assim: se transformar numa máquina de xerox?
Antes que você diga que ninguém avisou, nem sempre a criatividade é um caminho para o sucesso. Muitas vezes, os mais bem-sucedidos são aqueles que repetem exaustivamente formulinhas prontas. Vide os cantores de pagode e funk carioca. Mas ser criativo tem pelo menos uma vantagem: você nunca vai pagar o mico de aparecer em rede nacional de televisão dançando ao lado de um travesti e mandando a bicha rebolar.
Para ser criativo, você precisa antes de tudo saber o que é criatividade. Criatividade é, por definição, o ato de criar coisas novas. Não confundir com inventar moda. O mundo já está cheio de gente inventando um monte de baboseiras que não servem para nada. Temos centenas de artistas que fazem obras apenas para si próprios. Multidões de economistas com novas teorias que nunca terão aplicação prática. E vários inventores com invenções que ninguém precisa. Ou seja, por que projetar, por exemplo, um papel higiênico que toca musiquinha, se ninguém tem ouvidos no cu?
Outra coisa a saber é que criatividade é fruto de trabalho árduo. Esqueça aquela conversa de ócio criativo. É tudo bobagem. Se falta de trabalho gerasse criatividade, os servidores públicos já teriam inventado uma porção de coisas úteis para o mundo. Para mim, essa teoria de ócio criativo só apareceu porque o sujeito que a inventou ficou com preguiça de pesquisar como funciona a mente humana.
Ou seja, você nunca vai ter uma grande idéia da noite para o dia, a não ser que passe essa noite em claro procurando por ela. Encare a realidade: mais de 90% da população mundial é folgada. Você não vai ser nada original, sendo mais um preguiçoso.
Uma boa técnica para estimular a criatividade é fazer as coisas de maneiras diferentes a cada dia. Por exemplo, mude o caminho para o seu trabalho de vez em quando. Mude os restaurantes onde você almoça e evite repetir os mesmos pratos. E mantenha relações sexuais fora do casamento. Se seu parceiro pegar você no flagra, diga que está no meio de uma pesquisa de campo para aprimorar seu intelecto.
Para ser criativo, você precisa de cultura. Procure saber muito sobre muitas coisas. Não apenas sobre o que você trabalha. Isso aí, todo mundo que trabalha com você já faz, o máximo que você vai conseguir é ser igual a eles. Vá ao cinema, leia livros, toque um instrumento e aprenda filosofia. Se você não conseguir ter nenhuma idéia original, pelo menos dá para impressionar e comer alguém.
Infelizmente, algo que é bastante comum na criatividade é o bloqueio criativo. É aquele momento em que, por mais que você tente encontrar uma solução original para seu problema, a idéia não vem. Muita gente diz que a melhor coisa a fazer nessas horas é desencanar. Levantar e dar uma volta, tomar um sorvete. Ledo engano. Você vai se condicionar errado. Se toda vez que você não consegue resolver alguma coisa ganhar um sorvete, vai se acomodar e nunca mais vai fazer nada que preste. Sim, você é condicionável. Ou você achava que seu cachorro era o único ser vivo com baixo intelecto na sua casa?
Friday, January 02, 2004
Oi, pessoal. Me desculpem todos por não ter atualizado o blog nesta semana. É que estou curtindo minhas férias, em Salvador. E, levando vida de meu rei, nem toquei num computador por todos esses dias. Volto a colocar novos posts no dia 19. E podem esperar que neste ano terei novidades boas sobre a auto-ajuda cínica. Feliz 2004 a todos.
Monday, December 22, 2003
COMO SER POLITICAMENTE CORRETO
O conceito de politicamente correto é uma coisa até bacana. Com ele, você procura combater seus próprios preconceitos e canalhices e, se todos praticarem, o mundo seria um lugar melhor para se viver. Mas na prática, politicamente correto não passa de um mero disfarce para seus preconceitos se desenvolverem em paz, longe das críticas dos outros.
Por exemplo, não tem coisa mais preconceituosa com um negro do que chamá-lo de afro-brasileiro. O cara é negão, não está vendo? Você é daltônico ou o quê? Por que é que, então, você não chama a loira de nórdica-brasileira ou o índio só de brasileiro? O fato de necessitar de um eufemismo para o negro implica que você considera negro uma ofensa.
Mas ser politicamente correto está na moda. Então, se você não quer ficar fora dessa, deve começar ampliando seu vocabulário. Se possível, leia todo o dicionário. Você vai precisar de muitas palavras, nessa sua nova postura. É um pouco difícil decorar tantos verbetes, mas logo você já está inventando seus próprios termos como pessoa desavantajada verticalmente (baixinho), pessoa avantajada horizontalmente (gordo), rapaz de peferências sexuais alternativas (viado) ou fruto de uma relação financeiramente remunerada (filho da puta). O mais legal é que você pode xingar as pessoas com esses nomes e, na maioria da vezes, elas não vão entender nada.
Filie-se a uma ONG. Qualquer uma, não importa. Além de ser uma atitude super cool, você ainda limpa sua consciência sem esforço. Por exemplo, doe dez reais por mês a uma organização ecológica. É o suficiente para você sair por aí desperdiçando água, espalhando CFC na atmosfera e jogando latinha de cerveja vazia na rua sem sentir remorso nenhum. É batata (aliás, transgênica).
Seja um sujeito do contra. Não importa a coerência, o que vale é protestar. Por exemplo, seja ferozmente contra a sociedade de consumo. Tenha sempe um discurso socialista na ponta da língua e ponha toda a culpa no capitalismo. E se, depois de tanto protesto bater uma depressão, vá ao shopping fazer umas comprinhas que passa.
Trabalho voluntário também pega muito bem. Quem é que vai acusar alguém que cuida de crianças carentes, de velhinhos no asilo ou de deficientes desamparados? Você pode cometer as maiores barbaridades depois, que está com a ficha limpa. E nem precisa muito esforço: uma hora por semana num orfanato está ótimo. Nas outras 167 horas, as crianças que se fodam. Quem mandou não ter pai e mãe?
Faça caridade. Escolha uma instituição filantrópica e dê um punhadinho de reais por mês. É um investimento. Imagine que, por exemplo, você colabore com uma assossiação de apoio a deficientes. Quando algum aleijado vier te vender balinhas no farol, é só dizer que você já contribui com os deficientes. Você economiza horrores e ainda evita as malditas calorias das balinhas.
Considere que seus gostos artísticos são superiores que qualquer outro. E mais, tente reprimir qualquer outra manifestação cultural ou de entretenimento que não seja a sua. É simples: comece assinando aqueles abaixo-assinados contra a baixaria na TV. Escreva artigos pedindo a extinção de programas populares, para dar lugar a programas educativos (a programação vai ficar mais chata, mas você só vê TV a cabo mesmo). Logo você se transforma num grande entusiasta da censura: se for habilidoso, pode se tornar o próximo ditador da era moderna; se não, vai ser mais um babaca antenado.
Seja engajado. Brigue pela proibição das propagandas de bebida alcoólica e cigarro. Organize pessoas e faça passeatas em frente às fábricas de cerveja e de tabaco. Encaminhe sugestões para os políticos. E quando alguma delas for aceita, você comemora enchendo a cara e fumando feito louco.
Pronto. Você já é politicamente correto e já pode ser admirado por todos os moderninhos como você. Encha o peito, orgulhoso, e mostre sua atitude. Provavelmente você não vai ajudar a resolver nada efetivamente. Mas e daí? Você não tem que resolver todos os problemas do mundo, né?
O conceito de politicamente correto é uma coisa até bacana. Com ele, você procura combater seus próprios preconceitos e canalhices e, se todos praticarem, o mundo seria um lugar melhor para se viver. Mas na prática, politicamente correto não passa de um mero disfarce para seus preconceitos se desenvolverem em paz, longe das críticas dos outros.
Por exemplo, não tem coisa mais preconceituosa com um negro do que chamá-lo de afro-brasileiro. O cara é negão, não está vendo? Você é daltônico ou o quê? Por que é que, então, você não chama a loira de nórdica-brasileira ou o índio só de brasileiro? O fato de necessitar de um eufemismo para o negro implica que você considera negro uma ofensa.
Mas ser politicamente correto está na moda. Então, se você não quer ficar fora dessa, deve começar ampliando seu vocabulário. Se possível, leia todo o dicionário. Você vai precisar de muitas palavras, nessa sua nova postura. É um pouco difícil decorar tantos verbetes, mas logo você já está inventando seus próprios termos como pessoa desavantajada verticalmente (baixinho), pessoa avantajada horizontalmente (gordo), rapaz de peferências sexuais alternativas (viado) ou fruto de uma relação financeiramente remunerada (filho da puta). O mais legal é que você pode xingar as pessoas com esses nomes e, na maioria da vezes, elas não vão entender nada.
Filie-se a uma ONG. Qualquer uma, não importa. Além de ser uma atitude super cool, você ainda limpa sua consciência sem esforço. Por exemplo, doe dez reais por mês a uma organização ecológica. É o suficiente para você sair por aí desperdiçando água, espalhando CFC na atmosfera e jogando latinha de cerveja vazia na rua sem sentir remorso nenhum. É batata (aliás, transgênica).
Seja um sujeito do contra. Não importa a coerência, o que vale é protestar. Por exemplo, seja ferozmente contra a sociedade de consumo. Tenha sempe um discurso socialista na ponta da língua e ponha toda a culpa no capitalismo. E se, depois de tanto protesto bater uma depressão, vá ao shopping fazer umas comprinhas que passa.
Trabalho voluntário também pega muito bem. Quem é que vai acusar alguém que cuida de crianças carentes, de velhinhos no asilo ou de deficientes desamparados? Você pode cometer as maiores barbaridades depois, que está com a ficha limpa. E nem precisa muito esforço: uma hora por semana num orfanato está ótimo. Nas outras 167 horas, as crianças que se fodam. Quem mandou não ter pai e mãe?
Faça caridade. Escolha uma instituição filantrópica e dê um punhadinho de reais por mês. É um investimento. Imagine que, por exemplo, você colabore com uma assossiação de apoio a deficientes. Quando algum aleijado vier te vender balinhas no farol, é só dizer que você já contribui com os deficientes. Você economiza horrores e ainda evita as malditas calorias das balinhas.
Considere que seus gostos artísticos são superiores que qualquer outro. E mais, tente reprimir qualquer outra manifestação cultural ou de entretenimento que não seja a sua. É simples: comece assinando aqueles abaixo-assinados contra a baixaria na TV. Escreva artigos pedindo a extinção de programas populares, para dar lugar a programas educativos (a programação vai ficar mais chata, mas você só vê TV a cabo mesmo). Logo você se transforma num grande entusiasta da censura: se for habilidoso, pode se tornar o próximo ditador da era moderna; se não, vai ser mais um babaca antenado.
Seja engajado. Brigue pela proibição das propagandas de bebida alcoólica e cigarro. Organize pessoas e faça passeatas em frente às fábricas de cerveja e de tabaco. Encaminhe sugestões para os políticos. E quando alguma delas for aceita, você comemora enchendo a cara e fumando feito louco.
Pronto. Você já é politicamente correto e já pode ser admirado por todos os moderninhos como você. Encha o peito, orgulhoso, e mostre sua atitude. Provavelmente você não vai ajudar a resolver nada efetivamente. Mas e daí? Você não tem que resolver todos os problemas do mundo, né?
Monday, December 15, 2003
COMO PERDER A TIMIDEZ
A timidez é um mal que atinge milhares de pessoas no mundo todo. Não há estatísticas muito precisas sobre quantos são os tímidos, pois toda vez em que o entrevistador começa a fazer as perguntas, eles fogem de vergonha.
Você parou para pensar em quantas oportunidades já perdeu simplesmente por causa da timidez? Quantas noites de sexo intenso, quantas promoções no trabalho, quantos amigos, quantas coisas divertidas deixou de fazer? Pensando bem, melhor não pensar nisso não, pois você vai ficar com mais vergonha ainda e nunca mais sai de casa.
Muita gente acha que a timidez é causada pela insegurança. Eu não concordo. Alguém que segura as emoções, segura as palavras e segura as atitudes pode ser acusado de tudo, menos de falta de segurança. Para mim, é o contrário. Todo tímido é um arrogante disfarçado (disfarçado, claro, pois ele é tímido). Ora, um sujeito que julga que suas palavras e atitudes são tão importantes que devem ser mantidas longe das outras pessoas é um grande deslumbrado: não suporta rejeição ou críticas. Então, se você é tímido, toma vergonha nessa cara e deixa de arrogância.
A timidez só pode ser vencida se for encarada de frente (não baixe os olhos, seu tímido). Uma boa e muito conhecida técnica é tomar uma bebidinha. Depois de duas ou três doses, você já está falando pelos cotovelos. O problema aí é outro: ninguém entende o que você está balbuciando. Mas que você fala, isso fala.
Alguns não são totalmente tímidos. Ficam assim apenas perto de determinadas pessoas. Pode ser o chefe, um amor platônico ou um ídolo. Isso é normal, pois você idealiza essas pessoas e esquece que eles são normais, iguazinhos a você (quando não, piores). Lembre-se que essa gente faz cocô, assoa o nariz e o pior: lê textos de auto-ajuda. Só não exagere na imaginação para essa timidez não se transformar em desilusão.
Se você está apaixonado e morre de medo da rejeição, lembre-se que você já superou outros medos antes. O medo do lobisomem, do monstro do armário, do homem do saco e da mula sem cabeça. Enfim, o objeto de sua paixão não deve tão assustador quanto eles. E, se for, melhor que você continue sem se declarar mesmo.
A raiz da sua timidez pode estar numa educação muito rígida recebida na infância. Alguns pais realmente podam os filhos e os impedem de tomar qualquer decisão. Não deixam nem que eles escolham as próprias roupas. Mas agora você está crescido. Rasgue sua roupinha de marinheiro e acorde para a vida. Pegue a sua mesada e gaste tudo na farra. Você é ou não é o orgulho da mamãe, cute-cute?
Outro problema de infância que pode resultar em timidez é ser ridicularizado pelos amiguinhos. Crianças são muito cruéis e podem acabar umas com as outras. Principalmente com apelidos. Mas fique tranqüilo. Não é porque você é baixinho, narigudo, gordo, sardento, burro, vesguinho, gago, fanho e tem as pernas tortas, que não pode vencer na vida. Aliás, você acredita em reencarnação?
Existe também o falso tímido. Aquele sujeito que, no dia-a-dia, quase não fala com ninguém e passaria despercebido, se não fosse tão absurdamente discreto. Por exemplo, aquele sujeito que trabalha no financeiro da firma, que é extremamente tímido. Um belo dia, você liga a televisão e lá está ele no sambódromo, completamente embriagado, vestido de havaiano e agarrado a uma mulata e a uma travesti ruiva. Ambas seminuas.
Finalmente, o último tipo de tímido é aquele que não fala muito porque só pensa besteira. Se começar a falar tudo o que pensa vai acabar ofendendo um monte de gente, arranjando discussão à toa. Este é o pior tipo de tímido que tem. Como não consegue sair por aí falando tudo o que quer, não raro cria um blog e escreve suas bobagens nele.
A timidez é um mal que atinge milhares de pessoas no mundo todo. Não há estatísticas muito precisas sobre quantos são os tímidos, pois toda vez em que o entrevistador começa a fazer as perguntas, eles fogem de vergonha.
Você parou para pensar em quantas oportunidades já perdeu simplesmente por causa da timidez? Quantas noites de sexo intenso, quantas promoções no trabalho, quantos amigos, quantas coisas divertidas deixou de fazer? Pensando bem, melhor não pensar nisso não, pois você vai ficar com mais vergonha ainda e nunca mais sai de casa.
Muita gente acha que a timidez é causada pela insegurança. Eu não concordo. Alguém que segura as emoções, segura as palavras e segura as atitudes pode ser acusado de tudo, menos de falta de segurança. Para mim, é o contrário. Todo tímido é um arrogante disfarçado (disfarçado, claro, pois ele é tímido). Ora, um sujeito que julga que suas palavras e atitudes são tão importantes que devem ser mantidas longe das outras pessoas é um grande deslumbrado: não suporta rejeição ou críticas. Então, se você é tímido, toma vergonha nessa cara e deixa de arrogância.
A timidez só pode ser vencida se for encarada de frente (não baixe os olhos, seu tímido). Uma boa e muito conhecida técnica é tomar uma bebidinha. Depois de duas ou três doses, você já está falando pelos cotovelos. O problema aí é outro: ninguém entende o que você está balbuciando. Mas que você fala, isso fala.
Alguns não são totalmente tímidos. Ficam assim apenas perto de determinadas pessoas. Pode ser o chefe, um amor platônico ou um ídolo. Isso é normal, pois você idealiza essas pessoas e esquece que eles são normais, iguazinhos a você (quando não, piores). Lembre-se que essa gente faz cocô, assoa o nariz e o pior: lê textos de auto-ajuda. Só não exagere na imaginação para essa timidez não se transformar em desilusão.
Se você está apaixonado e morre de medo da rejeição, lembre-se que você já superou outros medos antes. O medo do lobisomem, do monstro do armário, do homem do saco e da mula sem cabeça. Enfim, o objeto de sua paixão não deve tão assustador quanto eles. E, se for, melhor que você continue sem se declarar mesmo.
A raiz da sua timidez pode estar numa educação muito rígida recebida na infância. Alguns pais realmente podam os filhos e os impedem de tomar qualquer decisão. Não deixam nem que eles escolham as próprias roupas. Mas agora você está crescido. Rasgue sua roupinha de marinheiro e acorde para a vida. Pegue a sua mesada e gaste tudo na farra. Você é ou não é o orgulho da mamãe, cute-cute?
Outro problema de infância que pode resultar em timidez é ser ridicularizado pelos amiguinhos. Crianças são muito cruéis e podem acabar umas com as outras. Principalmente com apelidos. Mas fique tranqüilo. Não é porque você é baixinho, narigudo, gordo, sardento, burro, vesguinho, gago, fanho e tem as pernas tortas, que não pode vencer na vida. Aliás, você acredita em reencarnação?
Existe também o falso tímido. Aquele sujeito que, no dia-a-dia, quase não fala com ninguém e passaria despercebido, se não fosse tão absurdamente discreto. Por exemplo, aquele sujeito que trabalha no financeiro da firma, que é extremamente tímido. Um belo dia, você liga a televisão e lá está ele no sambódromo, completamente embriagado, vestido de havaiano e agarrado a uma mulata e a uma travesti ruiva. Ambas seminuas.
Finalmente, o último tipo de tímido é aquele que não fala muito porque só pensa besteira. Se começar a falar tudo o que pensa vai acabar ofendendo um monte de gente, arranjando discussão à toa. Este é o pior tipo de tímido que tem. Como não consegue sair por aí falando tudo o que quer, não raro cria um blog e escreve suas bobagens nele.