DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-transitional.dtd"> AUTO-AJUDA CINICA <$BlogRSDUrl$>

Meu nome é Zé Luiz e, como dá para deduzir, este é meu blog. Não é nada demais, apenas um espaço para colocar uns textos que eu acho engraçados. Mas como eu sou o sujeito mais suspeito para dizer isso, espero que você entre toda semana e confira se estou certo ou alucinado. Toda segunda-feira vai ter um texto novo, zoando o maior fenômeno da literatura dos últimos tempos: a auto-ajuda. Seja bem-vindo e, tomara, divirta-se. PS. Se quiser ser avisado quando houver atualizações, mande um email para Zé Luiz

Monday, December 22, 2003

COMO SER POLITICAMENTE CORRETO

O conceito de politicamente correto é uma coisa até bacana. Com ele, você procura combater seus próprios preconceitos e canalhices e, se todos praticarem, o mundo seria um lugar melhor para se viver. Mas na prática, politicamente correto não passa de um mero disfarce para seus preconceitos se desenvolverem em paz, longe das críticas dos outros.

Por exemplo, não tem coisa mais preconceituosa com um negro do que chamá-lo de afro-brasileiro. O cara é negão, não está vendo? Você é daltônico ou o quê? Por que é que, então, você não chama a loira de nórdica-brasileira ou o índio só de brasileiro? O fato de necessitar de um eufemismo para o negro implica que você considera negro uma ofensa.

Mas ser politicamente correto está na moda. Então, se você não quer ficar fora dessa, deve começar ampliando seu vocabulário. Se possível, leia todo o dicionário. Você vai precisar de muitas palavras, nessa sua nova postura. É um pouco difícil decorar tantos verbetes, mas logo você já está inventando seus próprios termos como pessoa desavantajada verticalmente (baixinho), pessoa avantajada horizontalmente (gordo), rapaz de peferências sexuais alternativas (viado) ou fruto de uma relação financeiramente remunerada (filho da puta). O mais legal é que você pode xingar as pessoas com esses nomes e, na maioria da vezes, elas não vão entender nada.

Filie-se a uma ONG. Qualquer uma, não importa. Além de ser uma atitude super cool, você ainda limpa sua consciência sem esforço. Por exemplo, doe dez reais por mês a uma organização ecológica. É o suficiente para você sair por aí desperdiçando água, espalhando CFC na atmosfera e jogando latinha de cerveja vazia na rua sem sentir remorso nenhum. É batata (aliás, transgênica).

Seja um sujeito do contra. Não importa a coerência, o que vale é protestar. Por exemplo, seja ferozmente contra a sociedade de consumo. Tenha sempe um discurso socialista na ponta da língua e ponha toda a culpa no capitalismo. E se, depois de tanto protesto bater uma depressão, vá ao shopping fazer umas comprinhas que passa.

Trabalho voluntário também pega muito bem. Quem é que vai acusar alguém que cuida de crianças carentes, de velhinhos no asilo ou de deficientes desamparados? Você pode cometer as maiores barbaridades depois, que está com a ficha limpa. E nem precisa muito esforço: uma hora por semana num orfanato está ótimo. Nas outras 167 horas, as crianças que se fodam. Quem mandou não ter pai e mãe?

Faça caridade. Escolha uma instituição filantrópica e dê um punhadinho de reais por mês. É um investimento. Imagine que, por exemplo, você colabore com uma assossiação de apoio a deficientes. Quando algum aleijado vier te vender balinhas no farol, é só dizer que você já contribui com os deficientes. Você economiza horrores e ainda evita as malditas calorias das balinhas.

Considere que seus gostos artísticos são superiores que qualquer outro. E mais, tente reprimir qualquer outra manifestação cultural ou de entretenimento que não seja a sua. É simples: comece assinando aqueles abaixo-assinados contra a baixaria na TV. Escreva artigos pedindo a extinção de programas populares, para dar lugar a programas educativos (a programação vai ficar mais chata, mas você só vê TV a cabo mesmo). Logo você se transforma num grande entusiasta da censura: se for habilidoso, pode se tornar o próximo ditador da era moderna; se não, vai ser mais um babaca antenado.

Seja engajado. Brigue pela proibição das propagandas de bebida alcoólica e cigarro. Organize pessoas e faça passeatas em frente às fábricas de cerveja e de tabaco. Encaminhe sugestões para os políticos. E quando alguma delas for aceita, você comemora enchendo a cara e fumando feito louco.

Pronto. Você já é politicamente correto e já pode ser admirado por todos os moderninhos como você. Encha o peito, orgulhoso, e mostre sua atitude. Provavelmente você não vai ajudar a resolver nada efetivamente. Mas e daí? Você não tem que resolver todos os problemas do mundo, né?

Monday, December 15, 2003

COMO PERDER A TIMIDEZ

A timidez é um mal que atinge milhares de pessoas no mundo todo. Não há estatísticas muito precisas sobre quantos são os tímidos, pois toda vez em que o entrevistador começa a fazer as perguntas, eles fogem de vergonha.

Você parou para pensar em quantas oportunidades já perdeu simplesmente por causa da timidez? Quantas noites de sexo intenso, quantas promoções no trabalho, quantos amigos, quantas coisas divertidas deixou de fazer? Pensando bem, melhor não pensar nisso não, pois você vai ficar com mais vergonha ainda e nunca mais sai de casa.

Muita gente acha que a timidez é causada pela insegurança. Eu não concordo. Alguém que segura as emoções, segura as palavras e segura as atitudes pode ser acusado de tudo, menos de falta de segurança. Para mim, é o contrário. Todo tímido é um arrogante disfarçado (disfarçado, claro, pois ele é tímido). Ora, um sujeito que julga que suas palavras e atitudes são tão importantes que devem ser mantidas longe das outras pessoas é um grande deslumbrado: não suporta rejeição ou críticas. Então, se você é tímido, toma vergonha nessa cara e deixa de arrogância.

A timidez só pode ser vencida se for encarada de frente (não baixe os olhos, seu tímido). Uma boa e muito conhecida técnica é tomar uma bebidinha. Depois de duas ou três doses, você já está falando pelos cotovelos. O problema aí é outro: ninguém entende o que você está balbuciando. Mas que você fala, isso fala.

Alguns não são totalmente tímidos. Ficam assim apenas perto de determinadas pessoas. Pode ser o chefe, um amor platônico ou um ídolo. Isso é normal, pois você idealiza essas pessoas e esquece que eles são normais, iguazinhos a você (quando não, piores). Lembre-se que essa gente faz cocô, assoa o nariz e o pior: lê textos de auto-ajuda. Só não exagere na imaginação para essa timidez não se transformar em desilusão.

Se você está apaixonado e morre de medo da rejeição, lembre-se que você já superou outros medos antes. O medo do lobisomem, do monstro do armário, do homem do saco e da mula sem cabeça. Enfim, o objeto de sua paixão não deve tão assustador quanto eles. E, se for, melhor que você continue sem se declarar mesmo.

A raiz da sua timidez pode estar numa educação muito rígida recebida na infância. Alguns pais realmente podam os filhos e os impedem de tomar qualquer decisão. Não deixam nem que eles escolham as próprias roupas. Mas agora você está crescido. Rasgue sua roupinha de marinheiro e acorde para a vida. Pegue a sua mesada e gaste tudo na farra. Você é ou não é o orgulho da mamãe, cute-cute?

Outro problema de infância que pode resultar em timidez é ser ridicularizado pelos amiguinhos. Crianças são muito cruéis e podem acabar umas com as outras. Principalmente com apelidos. Mas fique tranqüilo. Não é porque você é baixinho, narigudo, gordo, sardento, burro, vesguinho, gago, fanho e tem as pernas tortas, que não pode vencer na vida. Aliás, você acredita em reencarnação?

Existe também o falso tímido. Aquele sujeito que, no dia-a-dia, quase não fala com ninguém e passaria despercebido, se não fosse tão absurdamente discreto. Por exemplo, aquele sujeito que trabalha no financeiro da firma, que é extremamente tímido. Um belo dia, você liga a televisão e lá está ele no sambódromo, completamente embriagado, vestido de havaiano e agarrado a uma mulata e a uma travesti ruiva. Ambas seminuas.

Finalmente, o último tipo de tímido é aquele que não fala muito porque só pensa besteira. Se começar a falar tudo o que pensa vai acabar ofendendo um monte de gente, arranjando discussão à toa. Este é o pior tipo de tímido que tem. Como não consegue sair por aí falando tudo o que quer, não raro cria um blog e escreve suas bobagens nele.

Monday, December 08, 2003

COMO LIDAR COM MANIAS

Mania é como se fosse um curto-circuito no nosso cérebro, que faz com que a gente repita determinados atos ou rituais sem uma explicação racional. Agora, para quem está do lado de fora e não sabe o que está acontecendo dentro do seu cérebro, mania é apenas uma esquisitice engraçada.

Todo mundo tem suas manias, dentro de um limite saudável. O problema é quando a freqüência dessas manias é maior que o seu senso de ridículo. Tem gente com tanta mania, que é uma piada por isso só. Andam por aí de um jeito tão esquisito, que a gente sofre para segurar risada. Nesse caso, uma boa desculpa é falar que você tem mania de rir. Que tem uma compulsão incontrolável de dar risada. Se esse desgraçado tem oitenta e três manias absurdas, por que é que você não tem direito a uma?

Uma das manias mais comuns é a de limpeza. Quem não conhece alguém que é vidrado em lavar as mãos? O primeiro maluco desse tipo de que se tem notícia foi Poncio Pilatos.

Depois dele, uma legião de esquisitos trava uma guerra diária contra os germes, debruçados sobre a pia. Esse tipo de gente acredita que os germes estão em todas as partes. Calma lá, o que vocês pensam que os germes são: Deus?

Outra mania curiosa é a da simetria. Tem gente que precisa sentir as mesmas coisas dos dois lados do corpo. Por exemplo, se esbarra o pé direito na parede, precisa esbarrar o pé esquerdo em seguida. E assim com todo o corpo. Fico imaginando se um sujeito desses tem uma mão amputada. Ou corta fora a outra mão junto ou entra em parafuso.

É como se o lado direito e o esquerdo do corpo vivessem brigando feito dois irmãos ciumentos. Deixe de infantilidade e use seu cérebro para colocar um pouco de razão nisso. Mas, em todo o caso, use o lado direito e esquerdo do cérebro para não dar briga.

Existe também a mania de segurança. Muita gente precisa travar o gás, fechar as janelas, apagar as luzes e trancar a porta de casa várias vezes antes de sair. O curioso dessa história é que o ciclo sempre se repete depois que a pessoa trancou a porta e saiu de casa. Aí tem que voltar e repetir tudo de novo. Ora, a cura dessa mania é muito simples. Basta não trancar mais a porta antes de sair. Seu psicólogo e os ladrões agradecem.

Uma variação das manias são os cacoetes. Por exemplo, algumas pessoas têm o cacoete de ficar piscando ininterruptamente. Não estou falando das putas da esquina, essas piscam para ganhar dinheiro mesmo. Me refiro às pessoas normais (ou quase). É como se tudo ao redor dessas pessoas se movesse de um jeito estroboscópico e a vida fosse uma enorme danceteria. Deve ser por isso que muitos deles, além de piscar os olhos, chacoalham partes do corpo a toda hora.

O perigo do cacoete é que ele é como a gagueira: se você começa a imitar alguém que tem, acaba ficando igual. Portanto, se você tem um amigo com um ou mais cacoetes. zombe dele. Faça piadas, ridicularize-o. É até um favor que você faz a ele. Mas nunca, de maneira alguma, imite-o. Se você gosta de imitar pessoas, procure um emprego de humorista. É mais saudável.

O cruel da natureza é que nenhuma mania que ela coloca em nós é produtiva. Ou seja, nenhum dos rituais que as pessoas repetem traz qualquer benefício. Por exemplo, por que é que a gente não tem a mania de ter ereções o dia todo? Seria fantástico. E se os políticos tivessem compulsão por falar apenas a verdade? E, finalmente, por que é que os cantores sertanejos não pegam a mania de fazer músicas mais inteligentes e agradáveis de ouvir? Como eu disse: a natureza é cruel.

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